A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) assenta em princípios científicos e a investigação da sua eficácia tem revelado bons resultados num vasto leque de perturbações mentais e problemas físicos, em crianças, adolescentes e adultos. Na TCC são exploradas as relações entre pensamentos/cognições, emoções e comportamento visando o alcance de uma compreensão dos problemas, bem como a definição e implementação de estratégias conducentes à mudança. A terapia organiza-se num número de sessões que varia em função da natureza e gravidade do(s) problema(s).

A TCC tem hoje uma larga evidência empírica em diversas perturbações mentais. É reconhecida pelo National Institute for Health and Care Excellence (NICE - UK) como uma psicoterapia cientificamente testada e recomendada como tratamento de primeira linha em diversas perturbações, entre as quais depressão, ansiedade ou hiperatividade.

As Terapias Cognitivo-comportamentais designadas de 3ª geração dizem respeito a um grupo heterogéneo de intervenções, cujos métodos utilizados, para além da sua aplicabilidade nas dificuldades psicológicas mais frequentes, geram novas possibilidades de abordar quadros clínicos que tinham recebido pouca atenção no passado ou que respondiam menos bem às abordagens clássicas de Terapia Cognitivo-comportamental (e.g., perturbação borderline de personalidade, a depressão crónica e a perturbação de ansiedade generalizada).

Nestas abordagens mais recentes, o alvo terapêutico, mais do que a redução de sintomas, consiste no desenvolvimento de competências que visam aumentar as atividades valorizadas pelo indivíduo, proporcionando-lhe uma vida com mais significado. Neste sentido, são abordagens mais experienciais que não se têm cingido apenas a populações clínicas, tendo vindo a ser aplicadas a outras populações-alvo, sem doença, apresentando muitas vezes o formato de programas de intervenção grupal com carácter preventivo, que visam estimular a saúde e bem-estar geral dos indivíduos. Este tipo de programas (baseados nos processos de mindfulness, compaixão, aceitação, valores, atenção) tem sido utilizado em diversos contextos (educacional, de aconselhamento, de medicina comportamental, de saúde em geral, e social), podendo ainda ser aplicado ao longo do ciclo de vida, isto é, em crianças, adolescentes, adultos e indivíduos de idade avançada.

A ACT (que é pronunciada como a palavra ‘act’, e não como as iniciais) tem como objetivo maximizar o potencial humano para uma vida com qualidade, plena e significativa para o próprio. Desenvolvida dentro de um quadro teórico e filosófico coerente, a ACT é uma intervenção psicológica com base empírica, que utiliza estratégias de aceitação e de mindfulness, juntamente com estratégias de compromisso e mudança comportamental, para aumentar a flexibilidade psicológica (i.e., a capacidade de contactar com o momento presente plenamente como ser humano consciente e, com base nas circunstâncias atuais, alterar ou persistir numa conduta ao serviço de valores escolhidos).

É uma forma de psicoterapia experiencial, comportamental e cognitiva, que tem por base uma perspetiva transdiagnóstica, focando-se nos processos de mudança e de ação promotores do bem-estar psicológico (e.g., autoconhecimento, clarificação de valores, implementação de objetivos e ações congruentes com os valores).

A terapia focada na Compaixão (Compassion Focused Therapy - CFT) surgiu da interligação entre a perspetiva evolucionária e dados provenientes da neurociência e da psicologia social, relacionados com a neurofisiologia do cuidar. É uma abordagem terapêutica destinada fundamentalmente a pessoas com dificuldades emocionais associadas a níveis elevados de autocriticismo e de vergonha. Por outras palavras, trata-se de uma abordagem terapêutica orientada para indivíduos com problemas emocionais crónicos que expressam dificuldades, nomeadamente, na relação do eu com o eu. A investigação tem mostrado como o sentir-se amado, aceite e possuir um sentimento de pertença e de afiliação com os outros são aspetos fundamentais para a maturação fisiológica e para o bem-estar do indivíduo. Assim, a ideia-chave da CFT centra-se no pressuposto que as nossas reações automáticas surgem como resultado de defesas evolutivas, da nossa herança genética, da aprendizagem e condicionamentos. O objetivo é, pois, ajudar as pessoas a aceitarem as suas reações automáticas, sem autocriticismo, autocondenação ou vergonha. Esta aprendizagem/treino envolve processos metacognitivos e a ativação de outro sistema de processamento e de regulação de afeto baseado na autotranquilização e na autoaceitação.

A CFT utiliza intervenções estandardizadas, com evidência empírica, como, por exemplo, a tomada de perspetiva e reavaliação, intervenções comportamentais de exposição, reconstrução de memórias, imagery no trabalho com o trauma, práticas comportamentais e desenvolvimento de novos hábitos. Na CFT gerar sentimentos de afiliação para com o próprio e para com os outros ajuda-nos a um melhor funcionamento.

As abordagens baseadas no mindfulness resultam da conjugação de tradições contemplativas, dados das neurociências e contributos de disciplinas como a psicologia, a medicina e a educação. Procuram uma compreensão das causas do sofrimento e apontam estratégias para diminuir esse sofrimento através do desenvolvimento de uma nova forma de nos relacionarmos com a nossa experiência. Assim, promovem o dirigir da atenção para o momento presente, a orientação para a ação, o desenvolvimento de qualidades como a autorregulação de emoções e comportamentos, a equanimidade, a compaixão, a alegria, e a sabedoria.

Estas abordagens podem ser aplicadas individualmente ou num formato grupal e são orientadas para diferentes populações clínicas e não clínicas, podendo ser usadas em diversos contextos (educacional, organizacional, de saúde), bem como em diferentes faixas etárias.

A Solidus disponibiliza abordagens baseadas no mindfulness nos formatos individual e grupal. Destes são exemplos o programa MindKindful e o Programa Baseado no Mindfulness para a Infertilidade.

O Programa Baseado no Mindfulness para a Infertilidade (PBMI) é dirigido a mulheres com um diagnóstico de infertilidade, sendo implementado num formato grupal. Integra 10 sessões de periodicidade semanal e de duração aproximada de 2h cada. Os maridos ou companheiros são convidados a estar presentes em 3 das 10 sessões. O PBMI visa o treino de competências de mindfulness, de aceitação, de autocompaixão e de autocuidado. Revelou-se eficaz na diminuição de sintomas de depressão e de ansiedade, bem como de vivências negativas como a vergonha, a derrota, o autojulgamento e o entrapment. Por outro lado, verificaram-se melhorias ao nível das competências de mindfulness e da perceção de autoeficácia para lidar com a infertilidade e o seu tratamento médico (Galhardo, Cunha & Pinto-Gouveia, 2013). De acrescentar que, na globalidade, os ganhos terapêuticos se mantêm 7 anos após a realização do programa, independentemente do desfecho reprodutivo (Galhardo, Cunha & Pinto-Gouveia, 2019).

O MindKindful é um programa para cuidar da mente que contempla práticas de mindfulness e compaixão. É um novo curso, desenvolvido pelo Professor Doutor José Pinto-Gouveia em colaboração com outros membros da APM, que junta às práticas avançadas de mindfulness, práticas de compaixão. Este programa tem por objetivo desenvolver práticas de meditação orientadas para o cuidar de si mesmo e do seu bem-estar físico e mental.